quarta-feira, 20 de junho de 2012

Permanece


Sinto que sinto saudade,
tão insistente vontade
de fazer o tempo voltar.
Mas o tempo que foge
só me rouba a coragem,
faz-me assim vacilar.

Vacilo e vasculho,
me rendendo à imagem,
renegando este fim.
Faço a dor ser mais breve,
e a saudade mais leve,
poesia em mim.

domingo, 22 de abril de 2012

Trilha Sonora #2: Casa Pré-Fabricada

Los Hermanos

Abre os teus armários, eu estou a te esperar
Para ver deitar o sol sobre os teus braços, castos
Cobre a culpa vã, até amanhã eu vou ficar
E fazer do teu sorriso um abrigo

Canta que é no canto que eu vou chegar
Canta o teu encanto que é pra me encantar
Canta para mim, qualquer coisa assim sobre você
Que explique a minha paz
Tristeza nunca mais

Mais vale o meu pranto que esse canto em solidão
Nessa espera o mundo gira em linhas tortas
Abre essa janela, a primavera quer entrar
Pra fazer da nossa voz uma só nota

Canto que é de canto que eu vou chegar
Canto e toco um tanto que é pra te encantar
Canto para mim qualquer coisa assim sobre você
Que explique a minha paz
Tristeza nunca mais

terça-feira, 13 de março de 2012

Agora eu acredito, Camus.

"Acredite: não há grandes dores, nem grandes arrependimentos, nem grandes recordações. Tudo se esquece, até mesmo os grandes amores. É o que há de triste e ao mesmo tempo de exaltante na vida. Há apenas uma certa maneira de ver as coisas, e ela surge de vez em quando. E por isso que, apesar de tudo, é bom ter tido um grande amor, uma paixão infeliz na vida. Isso constitui pelo menos um álibi para os desesperos sem razão que se apoderam de nós."
Albert Camus, em A Morte Feliz

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Se...

Tantas palavras seriam ditas,
tantos abraços seriam dados,
e tantos beijos seriam roubados,
e tantos caminhos seriam mudados...
se fosse possível saber que aquele momento
- talvez ao acaso, talvez corriqueiro -
era mesmo a última chance.

Charme


terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Trilha Sonora #1: Janeiro Ainda - Possibilidades

Gonzaguinha

[Ouça]

Te esperei vinte e quatro horas ou mais
de cada dia que eu vivi.
Te esperei mais de sete dias por semana,
sem um só dia te trair.
Te esperei mais de nove meses sem poder partir.
Mais de doze meses cada ano,
e te esperei
até um novo século surgir.
Te esperei na mesa, te esperei na cama,
Olhando as estrelas, te esperei na lama.
Te esperei bebendo,
te esperei calado,
embriagado
e gritando por aí.
Te esperei com fome, te esperei sem nome,
uma vez chorando e outra sem sorrir.
Num barraco, numa esquina,
te esperei pelo mundo,
te esperei sempre assim,
num buraco sem fundo
por dentro de mim
Mata derrubada, nas encruzilhadas,
pelas avenidas,
Te esperei no sangue, te esperei no mangue,
água derramada, vida proibida,
hóstia consagrada, pena colorida.
Te esperei de gravata, de luva e sapato.
Com tanto recato, nua e mal vestida.
Te esperei toda a morte,
te esperei toda a vida.
No regato, no esgoto,
Te esperei no mato,
no eclipse lunar, no luar neon.
Na escura solitária, no clarão das luminárias,
No ponto de encontro entre a bela e o monstro,
no raso da Catarina, na profunda dos infernos.
Te esperei nos azes, te esperei nos ternos,
Te esperei na tua, te esperei na minha,
Te esperei Clarice, te esperei Virgínia.
Te esperei tantos marços e mais fevereiros,
Esperei por inteiro e espero ainda neste
novo janeiro te dar boas vindas.
Dói cicatriz, unha arroxeando
Gota latejando, formigueiro assanha
Corre Dina e apanha logo
a roupa no varal que - vai chover!
Corre fogo longe, coração trovão,
tudo em volta cala.
Rio barreando, já na cabeceira
Vive o temporal - eu vi uma estrela!
- Daniel, uma vez há muito tempo atrás
Seu avô baiano chegou lá em casa a nado.
Eu e Dina estávamos em cima da mesa com água
pela pintura.
Na minha mão havia um barquinho de papel doido
pra brincar na correnteza,
e eu tinha certeza!
E o quarto crescente sorriu no céu,
perfeito sinal para o sol brilhar!
A arca afinal aportou cá no monte esperança, viu!
Mudança de tempo se sente no ar,
possibilidades de procriação!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

'Ruma a casa, menina!



Há tempos queria mudar tudo aqui no blog: visual, estrutura, organizar links, seções... E mais que isso: organizar minhas ideias! Talvez esta última tarefa seja mesmo a mais complicada... Certo é que essa complicação não é de agora, e mais certo ainda é que não há de cessar nunca. O desassossego das ideias faz parte da vida. Da minha, pelo menos.
Minha questão com o blog tinha a ver com arrumação mesmo. Por várias vezes pensei em estabelecer algumas regras para a minha relação com esse "diário": determinar uma linha do que seria postado, uma frequência nas atualizações... disciplina, muita disciplina. Obviamente, não deu certo, nem saiu da cabeça. Mas com a chegada de um ano novo, resolvi repaginar esta página, aproveitando o clima, digamos assim.

Em nenhuma outra época do ano se ouve tanto "re". Reinventar-se, reconstruir, recomeçar... esses conceitos vêm no pacote "daqui-pra-frente-tudo-vai-ser-diferente" que chega com cada novo calendário.
Recomeçar, sem dúvida, é algo importante. Mas tenho revisto meus conceitos sobre essa história de recomeço. A gente sempre tem a ideia de que recomeçar é derrubar tudo e construir do zero. Quantas vezes você já ouviu alguém dizer que vai deixar tudo de ruim no ano que terminou, vai começar uma vida nova? Quantas vezes você mesmo já não disse isso? Baita ilusão! A impossibilidade de realizar essa empreitada é tão absurda, que chega a ser algo engraçado, como ouvir uma criança dizendo que quer ser super-herói quando crescer...

A verdade nua e crua é que não dá pra derrubar tudo e construir de novo. Não estamos falando de uma obra pública na rua que é posta de lado pelo governo sucessor. Isso é vida, a sua vida! É um acumulado de histórias, retalhos de situações diversas (na intensidade, na qualidade e na importância)... não dá pra apagar tudo o que passou só porque a folhinha voltou pro 1º de janeiro!
Tudo bem, concordo que sem esse discurso do recomeço as viradas de ano podem ser bem chatas, e a gente vai acabar perdendo esse ânimo milagroso que janeiro traz - que pode ser bobo, mas tem seu valor, sejamos francos! Mas é possível manter o lado bom dessa onda otimista sem cair na ilusão de "vida super nova" que não dura nem até a páscoa!

Penso que a solução seja mudar nossa ideia de recomeço. Já que não se pode (nem se deve) jogar fora tudo dos anos velhos, é bem possível (e bem saudável) arrumar o que temos! Como uma casa, cujos móveis ainda são úteis, mas precisam regularmente ser arrumados de outra maneira, pra que o ambiente se torne menos tedioso.
Anos passam, e nós vamos entulhando sentimentos, situações e pessoas dentro da vida... assim como ajuntamos bagunça dentro de casa. Arrumações regulares permitem que os itens inúteis sejam descartados, mas também que os destaques mudem: o que é mais importante, a mão; o que não é, pode ser arquivado, bem guardado numa gaveta, vai que um dia volta a ser útil?! Essa tarefa é cansativa... mas depois de pronta, não dá uma sensação de recomeço, mesmo que nada de totalmente novo tenha sido adicionado? Então... no fim das contas, não precisamos do discurso radical "ano novo, vida nova"... precisamos da ideia da faxina!

Desde menina ouvi, de mãe e vó, que é melhor a casa estar sempre arrumada, pois bagunça afugenta as visitas. Na vida também... boas "visitas" e coisas novas virão, e terão mais vontade de ficar se a casa estiver arrumada!

Como dizem por aí... Fica a dica!




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P.S. #1: Agora é possível receber atualizações do blog por e-mail.

P.S.#2: Suspendi os comentários, mas tem uma caixa de "reação" aqui embaixo do post. Ainda vou resolver se volto ou não com eles...
P.S.#3: Também estou editando as tags/marcadores... dá trabalho classificar os textos passados. Mas tudo estará em ordem, em breve, e novas "seções" chegarão também!

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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Janeiro

Oh, ano que se inicia... sussurro aqui o meu desejo,
quando teus primeiros dias me apresentam tal ensejo.


Que a maldade não me tome, nem por alvo nem por morada;
e se meu sonho está tão alto, que eu não tema a escalada.
Que o meu candidato ganhe, que o meu time sempre vença;
que meu trabalho prospere, e que nele eu convença.
Que a paz me acompanhe, mas que haja sempre festa;
e que não me falte força para viver tudo o que resta.
Que eu aprenda com paixão, não só nos livros mas na vida;
que seja farto o reencontro, e seja escassa a despedida.
Que eu saiba rir, de mim, do mundo, do que quer que apareça;
que eu ame alguém, de um jeito forte, e que este alguém não mais me esqueça.

E se for tudo diferente, se nada vier como eu sonhei,
vou agradecer pelo que é meu, pois tenho sorte, disso eu bem sei.
Nos maus momentos, que eu vá à luta, que eu me supere e faça o bem;
e a cada passo, serei melhor... Que assim seja; eu digo amém.

domingo, 1 de janeiro de 2012

[2012] My Wish

O meu desejo é que 2012 seja para todos nós um ano... NOVO!
Novo em oportunidades, em desafios, em conquistas, em amores, em amizades, em aventuras, em tudo que é bom, que nos põe pra cima e nos move pra frente!
Ok, vai ter problema, dor de cabeça e conta pra pagar, como de costume... mas, paciência! Assim, que renovada seja a nossa paciência, com a vida, com o outro, com a gente.
Que 2012 seja O ANO NOVO! Novo em esperança, em persistência e em superação! Venha, então, 2012, com suas infinitas possibilidades de ser melhor que os outros... ou não. Fazer o quê? A gente sempre leva fé! E faz muuuiiitoo bem acreditar!
SEJA BEM-VINDO, 2012!!! SEJA FELIZ!!! :D